O Brasil em liquidação

01.12.2017
Os números do PIB brasileiro em 2016 confirmaram as piores expectativas. A retração em 3,6% da economia praticamente repetiu o resultado desastroso de 2015. Este é o produto mais visível da desastrosa política econômica do Governo Dilma. Poucas vozes esclarecidas ousam se levantar contra esse fato: a “Nova Matriz Econômica” imposta por nossa ex-presidente está na raiz da pior recessão econômica já registrada em nosso país.

Neste quadro sombrio, um dado chamou a atenção em 2016. Nos piores momentos da crise, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) manteve-se em níveis muito elevados, encerrando o ano com um número recorde de perto de US$ 79 bilhões. O IED mede os investimentos feitos no país por estrangeiros para adquirir interesses duradouros em empresas aqui sediadas. Essa forte entrada de capitais estrangeiros no Brasil em um momento de crise tão profunda foi considerada atípica e chamou a atenção dos especialistas. Ao comentar essa tendência em entrevista ao jornal Financial Times de 27 de abril do ano passado, o diretor do FMI para a América Latina referiu-se à “capacidade assombradora do Brasil de atrair investimento estrangeiro apesar das crises políticas e econômicas”. O principal motivo para esse fenômeno é a atratividade do Brasil como destino de investimentos: o tamanho do país, de sua população e de sua economia; sua riqueza e diversidade de recursos, nossa democracia e a estabilidade de nossas instituições são fatores que nos diferenciam de outros mercados emergentes nas análises de oportunidades e riscos.

Entretanto, outra razão determinante para este crescimento da entrada de capitais estrangeiros está exatamente no momento econômico desfavorável que atravessamos. Nossos ativos estão brutalmente desvalorizados pela crise e nossa moeda enfraquecida também favorece o investimento externo. Em outras palavras, o Brasil está em liquidação. O capital estrangeiro percebeu isso e está sabendo aproveitar esta oportunidade única.

Esse movimento tem seu lado positivo. Esses recursos chegam para viabilizar a retomada do crescimento econômico em um momento em que o capital nacional público ou privado não tem condições de fazer os investimentos necessários. Ele também deve levar a uma maior abertura e internacionalização de nossa economia, sempre muito fechada.

Ao fim e ao cabo, essa “Nova Matriz Econômica” que se queria desenvolvimentista e defensora da indústria nacional propiciou o início do que provavelmente será a maior desnacionalização que o Brasil já viveu.

Referência: NORÕES, T. O Brasil em liquidação. Jornal do Commercio, Recife, p. 06, 14 mar. 2017.